Com experiência ampla nos mercados bancário e financeiro, Álvaro Modernell fala sobre a importância da educação financeira nos dias de hoje e dá dicas preciosas de como equilibrar o seu orçamento.
Estruturar o orçamento familiar é uma tarefa fácil. Em um primeiro momento, essa frase pode até soar pretensiosa, mas acredite, não é. Em entrevista à Revista da SISTEL, o especialista em educação financeira.
Álvaro Modernell explica que muitas pessoas acham que para poupar dinheiro é necessário ter à disposição um bom consultor financeiro ou ser um especialista na área. Na verdade é preciso fazer, de acordo com sua avaliação, uma adequação no orçamento com pequenos ajustes na rotina.
Sócio-fundador da Mais Ativos Educação Financeira, Álvaro Modernell sabe o que fala. Trabalhou muitos anos nas áreas financeira e educacional. Como gerente de banco, professor ou consultor financeiro, ajudou centenas de profissionais liberais a aprenderem a poupar e a ganhar dinheiro. Palestrante de sucesso e escritor de vários livros e artigos sobre o tema, diz que, hoje em dia, as pessoas necessitam de orientação básica em educação financeira.
E quanto antes, melhor. Se possível, na infância. Para Álvaro, essa questão está muito mais ligada à mudança de posturas e de atitudes do que basicamente ter conhecimento de instrumentos financeiros. Ele faz uma analogia entre a gestão financeira e a disciplina de uma dieta alimentar. “Às vezes, é preciso um especialista, mas na maioria não precisa. Basta ter uma atitude.
Quem não sabe que, para ter uma vida saudável, tem que gastar mais calorias do que consome? Como isso será feito é só um detalhe”, afirma. O especialista ressalta que 2/3 dos problemas com finanças poderiam ser resolvidos com atitudes. É só gastar menos com supérfluos, controlar um pouco as despesas, fazer um levantamento do que se gasta, poupar pelo menos 10% do que ganha, investir e pensar um pouco mais no futuro. “Não existe um modelo único que sirva para qualquer pessoa, assim como uma dieta não cabe para qualquer um.
Cada pessoa tem que ter consciência de que é importante ter as suas contas sob controle”,
explica. A pessoa só deve procurar um especialista quando as dívidas estão muito críticas ou se quer melhorar seus investimentos. Modernell considera que, para ganhos mais significativos, a gestão financeira deve envolver toda a família. Acredita que o diálogo pode ajudar muito, principalmente nas relações entre marido e mulher. Conversar para encontrar o equilíbrio financeiro é a palavra-chave. Além disso, é preciso incentivar a educação financeira desde a infância.
Modernell crê que os pais, assim como as empresas, devem estimular a educação previdenciária.
Na sua concepção, a falta de educação previdenciária ainda é um dos grandes problemas da população brasileira. Ele pondera que o jovem deve pensar em uma previdência complementar antes mesmo de começar a trabalhar. “É isso que vai faz a diferença para manter o padrão de vida. A partir do quinto ano de trabalho, o ideal seria ter uma previdência privada concedida pela empresa ou a previdência aberta contratada por ele”.
Modernell avalia que a Sistel pensa mais à frente em comparação aos outros fundos de pensão do Brasil, porque, além do trabalho que faz para os aposentados, foi o primeiro fundo brasileiro que investiu em educação previdenciária infantil. No ano passado, a Fundação lançou o livro O Tesouro do Vovô, em parceria com o educador. A cartilha estimula os assistidos a levarem aos seus netos princípios e fundamentos de educação financeira e previdenciária. “Isso para mim é a essência do que deveriam cumprir os fundos de pensão em termos de educação previdenciária. Pensar não só naqueles que estão ligados à entidade, mas na família e nas futuras gerações.
COMO ESTRUTURAR UM ORÇAMENTO
Modernell explica que o primeiro passo para estruturar um orçamento é fazer um balanço pessoal de como está a sua situação financeira. É preciso mensurar o patrimônio, as dívidas e os investimentos.
A segunda questão é saber qual é o fluxo de caixa normal: receita que se tem à disposição e quais são as despesas. Também é dever de casa dividir as despesas fixas (aluguel da casa, mensalidade escolar e o plano de saúde, por exemplo) das despesas variáveis (conta de telefone, alimentação e gastos com gasolina) e das despesas esporádicas (impostos, doenças, viagem fora de hora etc).
“É bom que você conheça isso. Qual é o nível de detalhamento?
É o nível de sua personalidade. Se você é uma pessoa que se dispõe a acompanhar de perto e tem objetivos mais firmes, o controle tem que ser mais rígido.” Modernell afirma que alguns especialistas recomendam andar sempre com um caderninho para anotar todas as despesas. “Isso para mim e para muitos não funciona. Eu uso um dinheiro pequeno no bolso para pequenos gastos eventuais. Agora, as demais despesas mensais precisam estar sob controle.
Ele destaca que é sempre melhor comprar à vista. “Têm pessoas que não conseguem resistir ao consumo de produtos caros. Nada contra comprar, desde que pague à vista. Se a pessoa não resistir à tentação e parcelar em 12 vezes é porque não está no momento de ter aquele produto. Essa relação entre o poder de compra e o nível de ansiedade é que deve ser equilibrado.”
Fonte:
Texto parcial, retirado da Revista SISTEL de Maio / Junho de 2012.